1. Nunca houve um golpe na América Latina em que o presidente deposto não fosse considerado “problemático” pela imprensa. (Sim, nem mesmo Allende.)
2. Nunca houve um golpe na América Latina que não tivesse algum grau de apoio popular – apoio não patrocinado pela CIA ou pelo capital internacional. (Sim, nem mesmo aquele contra Arbenz, os dois contra Aristide ou os contra Lugo e Zelaya.)
3. Se as Forças Armadas intervêm depois que o presidente concorda com as demandas da oposição – como aconteceu na Bolívia, quando Evo Morales concordou com as novas eleições – é um golpe. Praticamente sempre que os militares intervêm para mudança de regime é um golpe.
4. O principal fator de desestabilização não precisa ser a CIA ou o capital internacional para que o resultado do golpe beneficie o capital internacional (e, no caso da Bolívia, os supremacistas brancos).
5. Leiam Hegel sobre a “astúcia da razão”.
6. Ao balancear os pontos negativos dos lados que disputam o poder – sempre um bom exercício quando você deseja que a virtude sinalize uma posição “sutil” distinta entre os maus direitistas e esquerdistas puramente ideológicos – não se esqueça de pesar no futuro suas posições. Por exemplo, há alguns anos no Brasil, vários esquerdistas apontaram que o Partido dos Trabalhadores (PT) era realmente corrupto e isolado de sua base. Agora, à medida que avançamos em direção ao apocalipse climático e vemos a natureza do governo Bolosonaro, talvez atribuíssemos mais alguns pontos a favor do PT nesse conflito.
[…] organizadores do golpeprovêm de setores tradicionalmente reacionários da sociedade boliviana: o principal líder […]