“Estou convencido de que apenas algumas pessoas nesta sala não viverão o grande dia.” August Bebel tinha muita presunção em 1891 – e não estava sozinho: Enquanto ele falava, como relatou Rosa Luxemburgo, “uma corrente quente e elétrica de vida, de idealismo, de segurança na ação alegre” varria a multidão.
A Segunda Internacional tinha só dois anos e agora, durante o Congresso de Erfurt, os social-democratas alemães – o maior partido socialista do mundo – estavam preparando as bases para gerações de políticas da classe trabalhadora.
Nos anos que se seguiram, os socialistas tinham muitas razões para otimismo. Em eleição após a eleição, os partidos trabalhistas e social-democratas viam seus totais de votos subirem, graças aos trabalhadores que acabavam de conquistar o direito ao voto. Parecia natural – tanto para os capitalistas apavorados quanto para os sindicalistas ambiciosos – que os direitos políticos da classe trabalhadora estivessem se traduzindo numa emancipação social mais ampla.
Mas é claro, a História tinha outros planos. A maioria dos social-democratas não viveu para presenciar o seu grande dia. Novas dinâmicas surgiram e atraíram o movimento para perto da nação e da classe que eles juraram desafiar. Para aqueles na sua ala esquerda, a vitória veio em 1917 – mas ela acabou se provando uma vitória de Pirro.
Agora, um século depois, a pergunta não é se algum de nós viverá para ver o triunfo socialista, mas se esses sonhos não pertencem completamente ao passado. Sabemos que, em vez de grandes dias, precisamos pensar em termos de uma “grande época” de transformação; também conhecemos os perigos de cooptação diante de qualquer estratégia política paciente. O que não sabemos é se mais alguém está interessado nos nossos sonhos.
O sucesso recente de Jeremy Corbyn e de Bernie Sanders, e as crescentes fileiras de jovens socialistas no Reino Unido ou nos EUA podem ser sinais de um ressurgimento surpreendente; ou então, podem ser só uma moda passageira.
O capitalismo se provou mais resistente ao desafio da classe trabalhadora e mais receptivo à reforma do que qualquer um de nossos antecessores poderia imaginar. No entanto, o sistema não está atendendo às necessidades de milhões de pessoas e, no seu núcleo, continua sendo uma ordem econômica enraizada em exploração e coerção. Enquanto vivermos numa sociedade de classes, haverá resistência a ela. A questão não resolvida é se seremos capazes de tomar as pequenas instâncias da luta cotidiana e, ao invés de apenas celebrá-las, agregá-las numa força capaz de pressionar para além do capitalismo.
Os desafios para se alcançar isso no século XXI são assustadores, e muitos na esquerda estão mais dispostos a abandonar a Política da classe trabalhadora do que a reimaginá-la.
Porém, se eu tivesse que chutar, diria que nossa mensagem é simples demais para que não encontre uma audiência: “Não é sua culpa. Você está trabalhando mais horas do que nunca, está fazendo o que pode para sobreviver e, mesmo assim, está ficando cada vez mais para trás. Não temos um evangelho de auto-aperfeiçoamento ou contos de fadas nativistas, mas temos um grupo de vilões – a pequena elite que se beneficia do seu empobrecimento.”
A fúria de classe não vai sair de moda.
Por si mesma, ela também não é Política. No entanto, a Jacobin foi fundada sobre a ideia de que um vibrante movimento da classe trabalhadora pode ressurgir, e de que alternativas ao capitalismo ainda podem ser construídas. Em 2019, tanto quanto em 1891 ou em 1917, precisamos ter uma confiança moral nesse objetivo – um mundo sem exploração ou opressão. No entanto, há algo profundamente diferente entre se afirmar que os socialistas podem inesperadamente romper a maré da História e as antigas certezas de que o socialismo era a maré da História.
[…] dos que teriam aplaudido a Revolução de Outubro têm menos confiança nas perspectivas para a transformação radical do mundo em uma única geração. Em vez disso, colocam uma ênfase no pluralismo político, no dissenso e na […]
[…] fantasioso, mas não se trata de um salto para o desconhecido num suposto “ano-zero”: é sobre pegar o que sabemos que funciona (serviços sociais universais e cooperativas de […]